quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Difusão das estampas na Europa'

Foi partir do ano 1000, quando Veneza estabeleceu sua posição como porto de difusão de mercadorias entre o Leste e o Oeste que os tecidos estampados começaram a ganhar força na moda européia. De todas as transações comerciais importantes, Veneza dava prioridade à importação de seda e tecidos preciosos, assim como especiarias e gemas do Oriente.

Para os espanhóis dos séculos XIV e XV a seda era muito cobiçada pois refletia uma distinção soberba que os atraia devido a seu temperamento. Por volta do ano 1200 aconteceram várias mudanças importantes, entre elas o fato das cores deixarem de possuir um significado simbólico, deixando de serem usadas com o propósito específico de indicar as diferenças de classes – papel este que passou a ser exercido pelo tecido, no caso a seda, devido ao seu alto valor de mercado.

Surgiu então uma imensa variedade de padrões de estamparia como listras, quadrados axadrezados e figuras.



Diferente da seda, os tecidos comuns eram de cores sólidas. As roupas comuns e de cerimônia eram decoradas com bordados e appliqués formando devices: imagens de objetos, plantas ou animais escolhidos para representar emblemas pessoais como o urso e o cisne sangrento do Duque de Berry.

Apesar do trabalho dos centros têxteis europeus, os tecidos orientais continuavam a exercer forte atração sobre os países ocidentais: musselina de seda e ouro de Mossul; tecidos adamascados, isto é, com padronagem de Damasco e Pérsia; sedas baldacchino decoradas com pequenas figuras; sendo estas encontradas até na Inglaterra; tecidos da Antioquia com pequenos pássaros dourados ou azuis sobre campos vermelhos ou pretos. Os tecidos orientais eram muito apreciados por causa de suas padronagens mas, principalmente, devido a sua perfeição técnica.



Estampa Floral.



Em meados do século XIII, as tecelagens de Regensburg e Colônia demonstravam a influência de certos protótipos de padronagem oriental, que gradualmente foram sendo adaptadas ao gosto europeu, rompendo-se assim um padrão pré-estabelecido. Na Itália, durante o século XIV este fenômeno pôde ser observado com o desaparecimento dos temas animais e divisões arquitetônicas e com o florescimento das estampas de flores cada vez mais estilizadas. A moda dos tecidos de estampas florais se tornou generalizada desenvolvendo-se, especialmente, nas regiões de Genova e Florença.

No século XV os padrões florais assumiram dimensões exageradas, com grandes romãs ou cardos estampados entre linhas sinuosas.



Durante o século XVIII, as padronagens dos tecidos passaram a sofrer a influência das grandes descobertas e viagens de exploração e as importações dos tecidos orientais tornaram-se lugar comum. Cada vez mais começaram a ser encontradas exemplos da flora exótica em padronagem que exibiam flores e frutos desconhecidos na Europa até então. Flores como o crisântemo, acabaram por criar o gosto pelas padronagens florais exóticas. Isto se manteve até o final deste século, quando a moda voltou as suas origens ocidentais, com padronagens mais simples, como margaridas, papoulas e rosas. Durante o século XIX, essas padronagens florais realísticas se mantiveram populares. Entretanto, algumas padronagens florais formais e estilizadas em algodão acetinado foram desenvolvidas durante o período Art Deco. O final do século vinte trouxe um revival do estilo vitoriano de flores em design natural.

Tecidos estampados com flores miúdas, ainda tão comuns nos dias de hoje, surgiram por volta de 1800, nos Estados Unidos, com a adoção das primeiras máquinas de estampar. A empresa Thorp , Siddel and Company, instalava em Philadelphia a primeira dessas máquinas em 1810. Dentro de poucos anos passava a existir uma grande quantidade de empresas de estamparia, mesmo no pequeno estado de Rhode Island. E Works, da Clyde Bleachery e da Print Works ainda podem ser encontrados no Museum of American Textile History em North Andover, Massachussets, possibilitando confirmar que a padronagem era de pequenas flores espalhadas por toda a superfície do tecido, que acabou sendo conhecido como “calicoes” ou chita.




pictografia: O motivo pictográfico (nuvens, objetos, paisagens, etc) surgiu em toda sua glória na época medieval. Apresentando cenas de batalhas, caçadas e torneios eram muito apreciados pelos nobres da época com seus ideais românticos e de honra. Continuaram bastante populares durante toda a renascença. Durante o período barroco francês e inglês, as padronagens se tornaram bastante complexas, usando técnicas sofisticadas e cores realistas. Já o estilo rococó, no início do século XVIII produziu um tipo mais informal de padronagem pictográfica, geralmente frívola e extremamente colorida, em seda e algodão, apresentando design em estilo oriental com cenas de paisagens árabe e mourisca. A expansão do comércio além-mar incentivou a moda da padronagem pictográfica, apresentando paisagens e povos nativos como as do Hawai.

A partir de meados do século dezoito estas padronagens voltaram a se tornar menos populares, com a preferência se voltando a cenas mais delicadas, como as imagens dos campos franceses e ingleses.

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